UMA APROXIMAÇÃO



“Adagio sostenuto”, como diz o próprio nome, um “andamento lento e sustentado”, traduz o movimento da vida, a dialética entre urgência e lentidão, desvelando alguns elementos geradores da linguagem do cinema, herdeiro das artes anteriores, que, no filme, chegam por intermédio da estrutura da ópera, do teatro, da pintura e da literatura.

A estrutura dramática é desenvolvida através desta herança dentro de um panorama histórico e contemporâneo, abordando assuntos como o descaso com a velhice, as relações entre imagem e som, trabalho e amor, a descrença em qualquer coisa além do material, e a nossa exposição à violência da sociedade atual.

Ao longo do filme, o fluxo de consciência da personagem principal a faz transitar de uma situação material para a transcendência. Para tanto, ela terá que entender o inexplicável. E o inexplicável não se explica. Se sente.

“Adagio Sostenuto” mostra a arte como um processo de resistência. A luta contra todas as formas de esquecimento, tanto do próprio ser humano quanto do mundo do qual ele faz parte. A sobrevivência através da memória.


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